domingo, 15 de março de 2009

Confissões de uma ex-viciada

Houve uma época em que eu não vivia sem consumir. Não vivia mesmo, apenas vegetava, perambulando nauseabunda pelos cantos.
As doses ingeridas eram desavergonhadamente grandes, a ponto das pessoas que me cercavam acharem que havia algo errado, algumas até diziam que eu poderia ficar doente.
A coisa começou devagar, sem fazer muito alarde, sabem como é... experimentei, confesso que a príncipio não gostei, mas (vá se saber porquê) insisti... sabem como é, pressão dos amigos, coisas do tipo.
Então fui tomando gosto pela coisa.
O consumo foi se tornando cada vez mais frequente.
Depois queria doses cada vez mais fortes.
Até chegar nas doses fortes e frequentes.
Um belo dia fui parar no médico e ele disse que eu precisava parar; não admiti ser viciada, até porque eu não me considerava uma.
Mas já não dormia direito.
E perdia muito tempo do meu dia procurando oportunidades de consumir.
Um belo dia, dei-me conta: sou viciada!
Não veio com auto-crítica ou sofrimento, apenas uma constatação.
Algo como se olhar no espelho e dizer: "meus olhos são castanhos".
E continuei levando a vida da mesma forma que levava antes, isto é, consumindo.
Até que um dia, e o "um dia" sempre chega mais cedo ou mais tarde, percebi, também como uma simples constatação, que o consumo estava diminuindo vertiginosamente.
Entojei!!!
[consigo visualizar alguns amigos rindo de se acabar por causa do meu hábito de usar este verbo].
Atualmente ainda consumo, mas já não mais com o mesmo deleite, a 'parada' não tem o mesmo gosto, não proporciona o mesmo prazer.
Na verdade ainda não sei porque não abdiquei de vez do seu uso, mas sinto que se isso acontecesse não seria mais "o fim do mundo".
Para ser bem sincera, só tem uma característica da coisa em si que ainda me faz fazer HUMMMMM: o cheio do pó.
Acho o cheirinho do pó de café antes do preparo uma delícia. Já a bebida, acho que ainda consumo por reverência ao meu passado de aficcionada. Ou, por que não dizer, viciada. :-)

Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço

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