sábado, 30 de maio de 2009

O valor simbólico das coisas

Hoje a tarde sai de casa de carro e como sempre, já que é meu caminho, passei contornando um parque. Um parque que é sempre muito frequentado e aos fins de semana, muito movimentado (outro dia passei por lá a 1:00 da madrugada e tinha um grupinho jogando uma pelada e, pasmem, outro assistindo!). Por esse motivo, tenho o hábito de passar vagarosamente.
No fim de semana então, atenção redobrada, pois é quando geralmente sai às ruas um tipo muito peculiar de pessoa: o aficcionado em pipa!
O aficcionado em pipa é uma categoria que serve bem como exemplo de democracia: não há idade, classe social, raça, credo religioso, ideológico etc que o distingua.
Você passa tranquilamente e, quando menos espera, pimba!: ele se joga na frete do seu carro correndo atrás de uma pipa!
Hoje aconteceu isso comigo: um adolescente vinha pela calçada e repentinamente avistou a rebolativa pipa à deriva no mar do céu (nossa, como fiquei poética de repente :-)), lançando se em um mergulho em direção à rua como se não houvesse amanhã, ou, no caso, carros.
Felizmente tudo terminou sem consequências físicas (frenei e buzinei), mas o fato deu vazão a pensamentos dentro da minha fértil mente. :-)
Fiz o resto do trajeto pensando no valor simbólico das coisas.
O valor simbólico das coisas, ou valor intangível, para meus colegas que preferem o "recursumanês" ao "psicologês", é todo valor que é agregado a algo (objeto, ação, símbolo, marca etc.) que não pode ser medido e independe do valor de custo real.

Calma, vou dar uns exemplos para clarear:
um pintor famoso gasta 100 reais em tela e tintas (custo real) para fazer uma obra e depois, vende o quadro por, digamos, 10.000,00 reais pelo simples fato de ser famoso;
uma certa quantidade de camisas é feita por uma costureira autônoma para uma grife famosa, que vende cada peça por 200 reais, mas sobra um pouco de pano e a mesma costureira faz mais algumas, que vende por conta própria por 20 reais a peça (este exemplo é real).

Fiquei imaginando que valor simbólico deve ter o fato de conseguir pegar uma pipa a ponto de um aficcionado em pipa não pensar nem mesmo na própria vida e/ou segurança. Principalmente se considerarmos que com qualquer 1 real se compra uma (para deleite do nosso ex-presidente FHC).
Não consegui ter uma noção clara, pois na minha época de infância pipa era "coisa de menino" (na verdade, era uma atividade que não me atraia muito, já que somente ser coisa de menino não era motivo suficiente para eu deixar de fazer algo ;-))
Foi quando me ocorreu a analogia com a campanha publicitária do cartão de crédito mastercard.
Algo do tipo:
  • sinistro do seguro DPVAT: 2.700,00
  • reparo da lataria: 456,00
  • conta do hospital: 942,87
  • conta da farmácia: 296,98
  • pegar uma pipa 'voada': não tem preço
Deve ser algo assim o que acontece com o aficcionado em pipa.
Enquanto isso, nós, os motoristas, devemos redobrar a atenção, afinal, chegar tranquilo ao destino também não tem preço!

Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço.

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