terça-feira, 13 de outubro de 2009

"Nada mais me surpreende"

Na época em que trabalhei atendendo crianças e adolescentes vítimas de violência ouvi tantas coisas que antes nem sequer conseguiria imaginar que passei a acreditar que nada mais me surpreenderia.
Chegava a usar essa frase com certa frequência.
O caso da menina Nardoni 'bombando' e eu com cara de fleuma dizendo "não estou chocada, porque nada mais me surpreende"...
Até descobrir que nada mais me surpreende com relação ao requinte de violência que um "ser humano" pode chegar; mas não com relação ao seu egoísmo.
Isso, tenho percebido nos últimos tempos, tem me surpreendido quando menos espero [até porque se estivesse esperando não seria surpresa, dãh].
Lembro-me das vastas discussões na faculdade de psicologia sobre a pertinência do termo homo sapiens, já que o homo não é o único animal sapien que existe [e cada vez mais nos convencemos disso]; lembro-me das alternativas propostas por teorias diversas para tentar isolar a caracteristica básica da raça humana, como homo faber, homo luder, homo economicus... e a nossa [dos psi's] preferida: a homo socialis! Proclamávamos a plenos pulmões e discorríamos a respeito em longas [e cansativas] provas que o homem é um ser fundamentalmente social, que não sabe, não quer e não consegue viver isolado.
Assim como os cães [será que é por isso que se dizem amigos?], os homens vivem em 'matilha', ou, para ser politicamente correta, em grupos.
Mas, então, por que o egoísmo tem crescido e aparecido tanto em nossa sociedade nos últimos tempos?
O que aconteceu com a raça humana para cada vez mais as pessoas só pensarem em si?
Uma mutação genética?
Sequela das bombas atômicas?
Poderemos culpar algum meteoro?
Penso também na evolução das teorias que tentam apresentar "uma visão de mundo". Já tivemos a Geocêntrica, então passamos à Heliocêntrica, depois veio a Antropocêntrica.
Atualmente caminhamos no sentido da teoria umbigocêntrica, e o que parece ser 'mais maneiro', mais conforme o gosto do homem atual, ela será costumizada, pois cada um falará do seu.

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