sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Atribuição de causalidade

Tive o privilégio de ser aluna do professor Aroldo Rodrigues, o maior nome em Psicologia Social do Brasil, na última turma para a qual ele lecionou na UFRJ, antes de aceitar o convite da Universidade estadual da Califórnia. Ele deixou a UFRJ, onde não tinha sequer uma mesa com computador, "com muito dó" (SIC), e foi assumir seu próprio departamento de pesquisa, na gringolândia.
Hoje lembrei dos ensinamentos do mestre sobre locus de controle e atribuição de causalidade.
Explico por quê (ou pelo menos tentarei).
Nessa semana me vi envolvida numa situação ruim cuja possibilidade de controle fugiu totalmente à minha responsabilidade. Um total acaso. E vivenciar tal experiência não foi nem um pouco agradável.
Colocar seu destino em outras mãos que não as suas traz um certo alívio, como fazem as pessoas que para tudo o que acontece, seja bom seja ruim, dizem "foi a vontade de Deus"; ou as que não progridem no trabalho porque "são perseguidas pelo chefe"; ou cujo relacionamento não deu certo por que o(a) outro(a) não investiu, não colaborou etc. O alívio advém do fato de a pessoa não experimentar culpa. "Não deu certo, mas não teve a ver comigo".
Mas, ao se livrar da culpa, é como se a pessoa também abrisse mão de sua responsabilidade e, junto dessa, de sua capacidade de influenciar os acontecimentos e o rumo de sua própria vida.
Muitas pessoas gostam disso e vivem bem assim.
Para mim, ter - mesmo que por alguns segundos - total consciência de que algo ruim iria acontecer e que não poderia fazer NADA para evitar foi uma experiência bastante desagradável.
É isso.
Não quero mais falar sobre o assunto.

Beijos e abraços

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